O que é?
A hipovitaminose A é um problema que ocorre freqüentemente em quelônios, principalmente semi-aquáticos de água doce (cágados) que recebem alimentação incorreta com níveis insuficientes de vitamina A. Essa doença nutricional pode ser classificada como primária, quando o consumo na dieta está abaixo do necessário, e secundária, nos casos em que, há a preexistência de uma doença, ocasionando a má absorção das vitaminas. A deficiência de vitamina A também pode ser encontrada em outros animais tais como crocodilos e iguanas.
Por que a vitamina A é importante?
O retinol (vitamina A) é uma coenzima responsável, entre outras funções, pela manutenção do tecido epitelial de todo organismo, ou seja, a vitamina A é necessária para manter a integridade epitelial. Sua deficiência é seguida por alteração no metabolismo das células epiteliais, causando metaplasia escamosa e hiperceratose dos epitélios, principalmente no epitélio respiratório e ocular. A vitamina A atua também no sistema imunológico, oferecendo proteção e agindo como antioxidante natural, mantém as mucosas da boca, traquéia e estômago saudáveis além de atuar na manutenção e funcionamento da visão.
O que acontece?
As células epiteliais respiratórias, oculares, cutâneas, endócrinas, gastrointestinais e genitourinárias são atingidas. As primeiras alterações são a necrose e atrofia do epitélio. As células mortas descamam e começam a se aglomerar entre as células vivas. Os ductos e canalículos do pâncreas, fígado, rins e das glândulas oculonasais podem se tornar bloqueadas por esses debris celulares. Como todo tecido epitelial serve como barreira para os patógenos, com a descamação temos esta função alterada, podendo ocorrer sérias infecções bacterianas secundárias.
Quais são os sinais clínicos?
O sinal clínico mais característico em quelônios é devido ao blefaroedema (inchaço das pálpebras). O blefaroedema vem associado a um sólido branco-amarelado acúmulo de debris celulares, pode ser uni ou bilateral e um olho pode estar mais acometido que o outro. Outros sinais clínicos são prostação, afecções auriculares, anorexia, corrimento nasal, apatia, blefarite, conjutivite, ressecamento dos olhos por falta de produção de muco. Em casos crônicos se pode observar hiperqueratose (produção anormal de queratina na pele, formando áreas crostosas), disecdise e certas áreas cutâneas com adelgaçamento. A pneumonia é comum em casos de hipovitaminose A já que o epitélio pulmonar torna-se lesionado (porta de entrada). O diagnóstico se baseia principalmente nos sinais clínicos assim como no histórico dietético do animal, bioquímica sérica e principalmente na resposta ao tratamento. O diagnóstico diferencial inclui trauma, corpo estranho, helmintos, infecções virais, bacterianas e/ou fúngicas , logo torna- se necessário que haja a análise citológica do exsudato ou da conjuntiva para esta determinação.
O tratamento é feito com injeções de vitamina A. A correção da dieta é muito importante também e a introdução principalmente de alimentos ricos em beta-carotenos pode ser realizada. Caso o animal tenha sinais clínicos de comprometimento pulmonar como corrimentos nasais, dispnéia e perda do equilíbrio na água, a antibioticoterapia também deve ser realizada. Vale lembrar que doses alta de vitamina A são tóxicas para o quelônios e que medicamentos formulados para animais domésticos normalmente têm altas concentrações dessa vitamina.
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