A demodiciose (sarna demodécica, sarna folicular ou sarna vermelha) é uma doença parasitária inflamatória de cães caracterizada pela excessiva proliferação de ácaros do gênero Demodex no folículo piloso. É uma das dermatoses mais comuns em cães e sua patogenia pode estar associada à resposta imunológica do hospedeiro.
O parasito habita o interior dos folículos pilosos, e ocasionalmente as glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas apócrinas. O D. canis se alimenta de secreção sebácea, de escamas e de células vivas, é por isso que a seborréia favorece a multiplicação dos Demodex. Por outro lado, estes parasitos estimulam a produção da secreção sebácea, o que conduz a instalação de um verdadeiro ciclo vicioso.
A maioria dos cães acometidos tem menos de um ano, entretanto, cães de todas as idades podem desenvolver a doença. Os cães idosos com demodiciose têm quase sempre uma afecção associada que deve ser pesquisada e tratada (hipercorticismo, hipotireoidismo, por exemplo).
Os sinais clínicos da demodiciose generalizada consistem, principalmente, em áreas grandes de alopecia multifocal e regional, resultado do prurido moderado a intenso, liquenificaçăo, descamaçăo, formaçăo de crostas, eritemas e com menor freqüência comedőes, hiperpigmentaçăo, e ocasionalmente celulite. É comum ocorrer piodermatite secundária. A bactéria responsável pela contaminação secundária é na maioria das vezes o Staphilococcus pseudointermedius, mas também pode ocorrer contaminação por Pseudomonas aeruginosa, que causa complicações piogênicas graves e normalmente é refratária quando ocorre pododermatite demodécica. O Proteus mirabilis é outro sério invasor bacteriano secundário na sarna demodécica generalizada.
Na maioria dos casos, o diagnóstico da forma localizada ou generalizada não é problemático, visto que geralmente os ácaros são identificados por meio dos raspados profundos de pele. Os raspados devem ser profundos e realizados na direção do crescimento do pêlo, usando uma lâmina de bisturi, com amostras de diferentes regiões do corpo; recomenda-se o exame de três a seis sítios, especialmente nas áreas de transição entre a pele saudável e a lesão, e com presença de comedões. Os principais diferenciais incluem a dermatofitose, adenite sebácea, piodermite, celulite juvenil, dermatite responsiva ao zinco, alopecia areata, pênfigo foliáceo, reações de hipersensibilidade, etc.
O tratamento é feito por meio de acaricidas. Quando há presença de piodermites não deve enfocar somente ácaros, mas também a eliminação de bactérias. Um dos pontos mais importantes no tratamento da demodiciose canina é o controle de cura. A taxa de cura parasitária é estimada pela negativação dos raspados de pele. Os múltiplos raspados cutâneos devem ser realizados todos os meses até a obtenção de duas ou três séries sucessivas de raspados negativos.
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