13 de mar. de 2013

Leishmaniose canina – entenda a situação no Brasil



O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou no dia 18/10/11 a liberação da primeira vacina contra Leishmaniose canina:

A primeira vacina contra a leishmaniose visceral canina é brasileira. Desenvolvida pela professora do Instituto de Microbiologia da UFRJ Clarisa Beatriz Palatnik de Sousa, ela obteve, agora, uma licença definitiva. A doença afeta, anualmente, 500 mil pessoas – 3 mil delas no Brasil – e é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma das seis maiores endemias do planeta.” Fonte – O Globo- 18/10/2011.

Entendendo mais sobre a doença:

   O primeiro relato da doença aconteceu em  1908, na Tunísia, quando o protozoário foi descrito como tendo formas amastigotas. É considerada uma zoonose importante no Brasil, de difícil controle e com ampla distribuição no território nacional.
   A transmissão é feita através do mosquito “palha” conhecido também como “birigui”, “mosquitos-pólvora”, “cangalhinha” e “tatuquiras” (Lutzomyia longipalpis).  Este mosquito pode contaminar os animais ou diretamente os humanos, pela picada da fêmea. O reservatório primário da doença são os canídeos, tanto domésticos quanto silvestres, embora também seja encontrado em alguns roedores.
   A leishmania causa dois tipos da doença: a cutânea e a visceral. As maiorias dos cães desenvolvem a  doença visceral ou sistêmica e 90% apresentam comprometimento cutâneo.
    A saúde pública no país adotou a eutanásia dos cães comprometidos com a doença em 1953. Estudos mostram que mesmo com esse procedimento a leishmaniose continua a crescer ano após ano, não tendo sido eficaz a eutanásia no controle da mesma.
   O tratamento é controverso. A Organização Mundial de Saúde não recomenda a eutanásia, mas no Brasil o tratamento foi proibido através da Portaria 1.426, de 11 de julho de 2008. Segundo especialistas, estudos científicos comprovam que os animais contaminados, se submetidos a tratamento, têm baixo poder de disseminação da doença, embora nunca terão a cura parasitológica, assim como acontece em outras doenças, como a Doença de Chagas.
   Os medicamentos vendidos em farmácia são de uso humano, e não poderiam ser utilizados para tratamento dos cães, de acordo com a Portaria; mas estes mesmos medicamentos podem ser manipulados. Ainda sim, existem outros dois que o Ministério não reconhece no Brasil, com isso ainda há a necessidade de legalização destes.
   Médicos Veterinários de áreas endêmicas brigam na justiça para conseguir a autorização e reconhecimento do tratamento, alegando que os “kits de testes” distribuídos pelo Ministério da Saúde para as Prefeituras comumente dão como resultado “falso-positivo”. Eles defendem um exame mais específico para o diagnóstico e a opção de tratamento para proprietários que tem condições e queiram fazer. “A terapia correta torna o animal de estimação assintomático para a leishmaniose”, afirma o advogado assessor jurídico da Anclivepa/BH.”
   
A prevenção continua como a melhor forma de evitar a contaminação dos animais. Os mosquitos são mais ativos no amanhecer e entardecer, portando é recomendável que os cães fiquem em áreas protegidas, dentro de casa ou em canil com telas protetoras de mosquitos nesse período. Além de ser indicado o uso de coleiras (Scaliburâ) e pour-on (Advantage Max 3â) que tenham efeito contra mosquitos, além é claro, da vacinação com a Leishmuneâ.
   
Consulte um Médico Veterinário de sua confiança.


Fonte:
* Tratado de Medicina Veterinária – ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C.
* Medicina Interna de Pequenos Animais – NELSON, R. W.; COUTO, C. G.
*Leishmaniose Visceral: breve revisão sobre uma zoonose reemergente. Revista Clínica Veterinária -1997, p. 36- 42. – ROSA, I. C.de A. S.; OLIVEIRA, I. C. S.
*Correio Brasiliense | 25/08/2009

Por: Nathalia Breder
(publicado em: http://veterinarioemfoco.com.br/727/)

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